A ordem dos Coraciformes agrupa quatro espécies de aves que são das mais coloridas e vistosas da nossa região:
- O Guarda-rios alcedo atthis;
- O Abelharuco merops apiaster;
- O Rolieiro coracias garrulus;
- A Poupa upupa epops.
8.1 – O Guarda-rios – alcedo atthis
O Guarda-rios – alcedo atthis é uma das espécies de aves que é conhecida na linguagem comum por muitos nomes. Pica-peixe, Martinho-pescador, Rei-do-mar, Bordaleiro, Juiz-do-rio, Raio-azul, são alguns deles.
Trata-se de uma pequena ave residente, relativamente comum, presença habitual em muitos curso de água, com um colorido brilhante, azul metálico e laranja, com um longo bico e patas pequenas vermelhas, que mergulha e voa a uma velocidade surpreendente. Avistar um Guarda-rios, pousado ou em voo, é um acontecimento inesquecível.
Costuma pousar em pedras ou paus junto às margens, de onde vigia as suas potenciais presas, pronto a lançar-se num rápido mergulho para as capturar.
O canto é agudo e penetrante como pode ouvir-se clicando na seta.
É o único dos nossos Coraciformes em que é clara a distinção entre os sexos. O bico do macho é todo negro, a base da mandíbula inferior do bico da fêmea é avermelhada.
Os juvenis são menos coloridos e têm inicialmente as patas pretas.
O Guarda-rios é territorial e defende a sua área de alimentação e de nidificação de outros Guarda-rios.
Alimenta-se essencialmente de peixes e de crustáceos, embora possa também ingerir insectos.
Uma das presas usuais dos Guarda-rios é o lagostim-de-água-doce. Como a casca desta espécie é bastante resistente, o Guarda-rios, quando captura algum, bate com ele violentamente contra o poleiro para partir bem a casca antes de o engolir.
Quando um Guarda-rios é sobrevoado por qualquer ave que considere como potencial ameaça vigia-a com o bico virado para cima numa posição defensiva em que parece um punhal.
O Guarda-rios nidifica em buracos escavados em barreiras de terra. Cria uma a três ninhadas por ano com posturas de 6 a 7 ovos.
8.2 – O Abelharuco – merops apiaster
O Abelharuco – merops apiaster – é uma ave extremamente colorida: castanho, laranja, amarelo, azul, verde, preto e branco, com olhos vermelhos brilhantes. Os sexos não se diferenciam.
É uma ave migradora estival no nosso país, onde se reproduz. Agrupa-se em colónias de algumas dezenas de casais que escavam os ninhos em terrenos arenosos consolidados.
Alimenta-se de insectos, em especial abelhas e vespas que captura em voo. Antes de os engolir, esfrega estes insectos contra o poleiro para lhes extrair o ferrão.
O voo dos abelharucos é espectacular tanto pela sua velocidade como pela capacidade de manobra.
Uma colónia de Abelharucos é ruidosa e pode ser ouvida e reconhecida a boa distância.
8.3 – O Rolieiro – coracias garrulus
Ao contrário das outras espécies de Coracioformes que são comuns os Rolieiros – corracias garrulus – são pouco frequentes no nosso país.
Ainda que não tenham cores tão garridas como o Guarda-rios ou o Abelharuco, são espectaculares, com o dorso acastanhado e vários tons de azul, desde o azul turquesa ao azulão. Particularmente em voo constituem um espectáculo admirável.
Trata-se de uma espécie estival que escolhe a região de Castro-Verde, no Alentejo, para nidificar. É considerado raro, contando-se apenas cerca de 100 casais. Alimenta-se de insectos, em particular de gafanhotos, e também de aracnídeos.
O canto dos Rolieiros é inconfundível.
Escolhe para nidificar buracos em edifícios e ruínas. Aprecia bastante as “caixas ninho” que actualmente são colocadas à sua disposição em vários locais da sua zona de veraneio. Às vezes é bom dar uma ajudinha à natureza.
Os Rolieiros são os maiores dos nossos Coraciformes. Com um bico potente, são uma espécie agressiva. Na região de Castro-Verde competem com os Francelhos, tanto por alimento como por locais para nidificar. Não é raro ver Rolieiros a perseguir Francelhos para os afastar da zona que consideram ser o seu território.
Há fortes indícios que esta lindíssima ave se encontra em regressão em Portugal e também em Espanha. Seria importante que se adoptassem algumas medidas de protecção desta espécie tão característica das zonas de estepe cerealífera.
8.4 – A Poupa – upupa epops
Sem as cores vistosas das outras espécies de Coraciformes, a Poupa não é de todo uma ave discreta. Pelo contrário, com as asas às riscas pretas e brancas e com as plumas da cabeça formando um tufo que abre em vistoso leque, é uma ave que dá muito nas vistas. Talvez seja mesmo uma das aves mais bem conhecidas da generalidade das pessoas.
É uma residente muito numerosa, possivelmente com dezenas de milhares de casais no nosso país. Numa observação de campo não se consegue distinguir o macho da fêmea.
Alimentam-se de insectos e de aracnídeos que capturam no solo, mesmo que seja necessário escavar para os encontrar.
O canto da poupa é muito conhecido e facilmente identificável.
As Poupas nidificam em cavidades nas rochas, paredes ou nos troncos de árvore.
Extraordinario traballo.