Na nomenclatura em linguagem portuguesa comum, há muitas espécies de aves que se designam por “águia”. Conto, pelo menos, nove.
No entanto, apenas três pertencem ao género aquila na designação científica. A águia-real – aquila chrysaetos, a águia-imperial – aquila adalberti e a águia-perdigueira ou águia-de-bonelli – aquila fasciata. Trataremos aqui, apenas, das duas primeiras espécies, as grandes águias, com dimensões claramente superiores às da terceira.
A águia-real é a maior das águias e, também, a mais emblemática. Aparece como brasão, bandeira ou símbolo de inúmeras instituições, desde impérios e países, especialmente os com ambições guerreiras, a clubes desportivos. Simboliza coragem, força, bravura, destreza, nobreza, etc.
A águia-real é residente em Portugal, sendo mais numerosa em regiões remotas e de acesso difícil, no interior, próximo da fronteira com Espanha. É, no nosso país, uma espécie rara, estimando-se que existam entre 53 e 61 casais, a maioria no NE. No entanto, é uma espécie com uma larga distribuição a nível mundial, não sendo considerada como particularmente ameaçada.
A águia-real tem uma envergadura de 190 a 225 cm e um comprimento de 80 a 90 cm. Como é usual nas aves de rapina, as fêmeas são maiores do que os machos. Aparte isso, são semelhantes. Têm um aspecto ágil, potente e feroz.
Ocorre em especial em regiões com escarpas, onde prefere construir os ninhos. Os terrenos de caça são espaços abertos, cobertos de matos e pastagens, parecendo ser essencial para a sua ocorrência uma reduzida perturbação humana. Alimenta-se sobretudo de coelhos-bravos e perdizes que captura e mata, mas também consome cadáveres.
Podemos ouvir a sua voz aqui:
Os juvenis da Águia-real têm a cauda com uma faixa branca e a plumagem é mais escura.
Ao contrário da águia-real, a águia-imperial é uma ave que ocorre apenas na Península Ibérica. É uma residente muito rara e considerada como espécie ameaçada. Conta com 150 casais na Península, com apenas 2 a 5 em Portugal, onde é considerada como extremamente rara.
A águia-imperial é ligeiramente menor que a águia real, com 180 a 210 cm de envergadura e 75 a 80 cm de comprimento. Também nesta espécie, os sexos são semelhantes, sendo a fêmea maior do que o macho. A plumagem é mais escura do que a da águia real e tem como traço distintivo duas manchas brancas na parte anterior das asas que são claramente visíveis em voo (luzes de aterragem, no calão dos observadores de aves) e, em geral, reconhecíveis mesmo com a ave pousada.
A águia-imperial constrói os ninhos em árvores de grande porte. Frequenta zonas arborizaras e montados com reduzida presença humana.
Alimenta-se de mamíferos de médio porte, com destaque para os coelhos-bravos, de aves, designadamente pombos e perdizes e também de cadáveres e de répteis.
A voz da águia-imperial é muito diferente da da águia-real. Assemelha-se ao crocitar do corvo. Pode ouvir-se aqui:
Estas duas espécies de águias não são nada fáceis de observar e muito menos de fotografar. Avistam-se, com alguma facilidade, em voo mas, geralmente, a voar alto. Têm uma visão poderosíssima e afastam-se logo que vislumbram alguma coisa estranha como, por exemplo, uma grande objectiva a ser apontada para elas. Por vezes, atraídas pela disponibilidade de carne, aparecem nas sessões preparadas com isco para fotografia de abutres. É uma questão de sorte. Algo como sair a taluda aos afortunados fotógrafos.
Para conseguir obter, com uma probabilidade aceitável, boas fotos destas águias, é necessário conhecer onde se localizam os seus campos de caça e áreas de nidificação e observar persistentemente as aves com binóculos, mantendo uma distância que não as perturbe.
Procurar depois montar um abrigo, bem camuflado e disfarçado, num local que a observação mostrou ser adequado e procurar atrair as águias usando como isco cadáveres das suas presas naturais, em geral coelhos ou pombos.
Trata-se de um processo penosos e demorado que exige grande disponibilidade de tempo, boa forma física e alguns meios (viatura todo terreno, por exemplo).
Felizmente, podemos hoje contratar os serviços de profissionais, que preparam ao longo de anos locais para observação e fotografia destas aves. Foi essa a nossa escolha.
Recorremos a um serviço deste tipo, na localidade de El Barraco, na zona de Ávila, em Espanha, que nos deixou muito satisfeitos. Mas, incluímos aqui também fotos efectuadas noutros locais.
Mesmo assim, os resultados não são garantidos. Trata-se de animais selvagens , em liberdade, que não são controláveis pelo homem. Assim, por exemplo, se durante a noite morreu na região algum animal de bom porte, selvagem ou doméstico, de forma natural ou por ter sido abatido pelos lobos (sim, há lobos em estado selvagem na região), as águias podem ser alertadas pelos movimentos dos abutres, a baixar para comer a presa, e decidirem participar no festim. Satisfazem assim as suas necessidades alimentares e, de barriga cheia, é muito mais difícil conseguir que sejam atraídas para isco preparado pelos guias na zona dos abrigos.
Esta actividade, ligada ao turismo ornitológico, pode contribuir para a conservação destas magníficas espécies de aves. Está devidamente regulamentada na lei, para evitar abusos e práticas lesivas. Permite divulgar valores de conservação da vida selvagem e dá um apoio de alimentação suplementar a certas espécies que têm o seu habitat natural cada vez mais reduzido e ameaçado pelas actividades humanas.
Grandes fotos da Águia-imperial Henrique. Expressões fantásticas, a mostrar o espirito da ave.
Como sempre, excelentes fotos. Muito bom texto explicativo. Parabéns!
Maravilha de fotos!!!
São muito parecidas e lindas! Excelente esclarecimento!