1. Técnica – Introdução

A fotografia de aves requer alguma capacidade técnica. Enumeraremos aqui, em artigos sucessivos, alguns dos aspectos técnicos que nos parecem mais importantes para ter sucesso neste tipo de fotografia.

Poderão ser úteis para quem se pretenda iniciar nesta actividade. Poderão também ser interessantes para os mais experientes, que aqui poderão comparar pontos de vista, métodos de trabalho, experiências e opiniões.

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Flamingos em voo na Ponta da Erva, Vila Franca de Xira. Câmara DSLR Canon EOS 10D, lente Canon EF 100-400 mm f 4-5.6 L IS USM.

O mais importante para fotografar aves é ter um bom conhecimento das várias espécies, dos seus comportamentos, dos locais que frequentam, das épocas em que  se podem observar em diversos locais, dos seus hábitos de alimentação, reprodução, etc. Conhecer o seu canto, onde e como se escondem, a que horas estão activas e em que horas repousam, etc.

Há algumas características da reacção das aves ao homem que são comuns a várias espécies. Outros são específicas. Conhecer estes comportamentos pode ser importante para nos conseguirmos aproximar a uma distância que permita uma boa fotografia.

Outro aspecto refere-se à técnica fotográfica. Saber escolher o equipamento adequado; saber regular as câmaras e as objectivas para as condições existentes; saber escolher a melhor orientação e ponto de vista; saber ser rápido e decidido. As melhores oportunidades de acção não ficam à nossa espera.

Alguns destes conhecimentos podem adquirir-se com leitura de livros ou vendo vídeos de formação na net. Muito só poderá ser conseguido com a própria experiência, mas, a experiência dos outros, quando partilhada, pode ajudar a a melhorar a nossa.

É isso que aqui queremos fazer. Partilhar a nossa experiência.

1.1 Equipamento fotográfico

É costume dizer-se, e é verdade, que não é o bom equipamento que faz o bom fotógrafo. O equipamento, no entanto, pode ajudar.

Em particular na fotografia de aves, não é possível obter resultados aceitáveis sem um mínimo de equipamento adequado.

As câmaras adequadas para fotografia de aves são as DSLR (Digital Single Lens Reflex) isto é câmaras digitais reflex mono-objectiva. Estas câmaras têm objectivas intermutáveis.

Para a fotografia de aves o mais importante (e o mais dispendioso) são as objectivas. Ao contrário das câmaras digitais que são ultrapassadas por novos modelos num prazo de 5 anos ou menos, as objectivas mantêm-se actuais e sem problemas de funcionamento durante muito tempo. Portanto é preciso pensar bem antes de decidir que sistema de objectivas comprar.

Podem conseguir-se alguns resultados de fotografia de aves com câmaras do tipo bridge de lente zoom com grande distância focal. Essa é, no entanto, apenas uma solução de recurso que não aconselhamos.

1.1.1 Escolha da câmara fotográfica

A escolha da marca de câmara fotográfica é, em grande parte, condicionada pelo sistema de objectivas que se escolhe ou que já temos. Se quisermos mudar de marca de máquina temos de substituir todo o conjunto de objectivas que usamos.

Várias marcas fabricam excelentes modelos de DSLRs. Em grande parte vão ser as objectivas a determinar a escolha.

No nosso caso usamos câmaras Canon EOS.

No tempo do filme, uma câmara mantinha-se actual durante muito tempo e justificava-se, para um amador interessado, a compra dos modelos de topo de gama. Actualmente, os modelos de topo de gama são muito mais caros do que nos tempos do filme. São sem dúvida câmaras excelentes, mas são caras e acabam por ficar desactualizadas ao cabo de poucos anos. Por exemplo, uma Canon  EOS 1DxMkII custa cerca de 6500€. A Nikon topo de gama, a D5 XQD, custa mais de 7000€ . Este é um aspecto a ter em conta.

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A Canon EOS 1DX MkII. A DSLR de topo da gama Canon

Quais as principais características a considerar na escolha de uma câmara para foto de aves?

Em primeiro lugar estará sempre a qualidade de imagem. Teremos depois a considerar a rapidez de resposta no disparo, a reactividade e precisão do sistema de auto-foco, a velocidade da rajada de fotos, a qualidade do visor, a ergonomia, a possibilidade de gravar as imagens em formato raw,  a capacidade das baterias, a resistência, a protecção contra os elementos, a durabilidade, a disponibilidade e a qualidade dos acessórios.

Uma questão importante é a escolha das dimensões do captor. As máquinas com sensor de dimensão igual ao fotograma da película de 35mm dizem-se full frame. São deste tipo as melhores câmaras no que respeita a qualidade de imagem, especialmente em alta sensibilidade (alto ISO). São particularmente boas para trabalhar com objectivas tipo grande angular.

Um outro formato de sensor, um pouco mais pequeno (divisão por 1,4, no caso da Nikon, ou por 1,6, no caso da Canon). Este formato é designado por APS-C. Produz uma imagem que corresponde a um corte (crop) da imagem full frame, de acordo com estes valores 1,4 ou 1,6 (factores de crop). Isto faz com que com uma objectiva de uma dada distância focal, numa câmara com sensor APS-C, produza uma imagem com um enquadramento igual ao que produziria uma objectiva com uma distância focal multiplicada pelo factor de crop. Assim, numa máquina Canon com sensor APS-C, uma objectiva de 400mm produz um enquadramento igual ao que se obteria com uma lente de 400×1,6=640 mm numa máquina full frame. Para a fotografia de aves isto é, em geral, uma vantagem. O factor de crop funciona, na prática, como um factor de aproximação ou de aumento de alcance.

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Comparação das dimensões relativas de sensores full frame e APS-C

As câmaras de formato APS-C são de preço relativamente acessível. A melhor Canon deste formato é, actualmente, a Canon EOS 7D MkII que custa cerca de 1650€. Ainda mais barata, e com características muito semelhantes, temos a Canon EOS 80D que custa cerca de 1250€. São excelentes câmaras para a fotografia de aves. Na gama Nikon teríamos a D500 ou a D7200.

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Câmara DSLR Canon EOS 7D Mk2. Uma câmara de eleição para a fotografia de aves

Há modelos ainda mais baratos de formato APS-C com que também se podem fazer excelentes fotos.

Para quem fotografa frequentemente de bons abrigos, em que as aves se podem fotografar de muito perto, não há vantagem no aumento de alcance devido ao factor crop. Neste caso são excelentes as câmaras full frame Canon EOS 5Ds e EOS 5Dsr que, com 50 megapixel, são as DSLR com maior resolução que existem actualmente. A qualidade de imagem é excelente, superior à das APS-C, mas as câmaras são mais lentas.

Já depois de escrita a primeira versão deste artigo apareceu uma nova câmara da Canon, a EOS 5D Mk IV, que equilibra uma elevada resolução (30 MPixel) com um excelente sistema de autofoco. Além disso permite utilizar elevadas sensibilidades mantendo uma boa qualidade de imagem.

Uma vez que estamos a fotografar frequentemente utilizando abrigos fixos, adquirimos agora uma EOS 5D Mk IV. Pelos primeiros ensaios, parece que é uma excelente câmara, permitindo, devido à alta qualidade da imagem, compensar a inexistência do “factor de crop”.

1.1.2 Escolha das objectivas

Não é fácil aproximarmo-nos muito das aves. Por isso, para a fotografia de aves são necessárias lentes que permitam obter imagens em que o assunto principal, a ave, preencha uma parte importante da imagem, apesar da distância a que a estamos a fotografar. Para isso usam-se lentes com uma elevada distância focal que se designam por teleobjectivas.

Há dois tipos de teleobjectivas: as teleobjectivas de focal fixa e as teleobjectivas de focal variável, que geralmente se designam por objectivas zoom.

Há vantagens e inconvenientes nestes dois tipos de lentes.

As teleobjectivas de focal fixa têm, em geral, maior abertura e produzem excelente qualidade de imagem. Têm o problema de oferecerem um enquadramento que não podemos variar. É por vezes muito desagradável ter uma ave muito próxima e não poder fazer uma foto de corpo inteiro porque a ave “não cabe” na foto e tem de ficar com a cauda cortada.

As objectivas zoom são mais versáteis pois permitem variar o enquadramento. Esta capacidade também é útil para facilitar o apontar da lente para encontrar a ave que se quer fotografar. Com grandes distâncias focais nem sempre é fácil.

Para fotografia de aves é necessário dispor, no mínimo, de uma distância focal de 400mm. É melhor poder dispor de 500mm ou 600mm.

Para que se entenda o que estes valores querem dizer, devo referir que a distância focal que, no formato 35mm full frame, dá uma perspectiva semelhante ao olho humano, é 50mm. Uma lente de 400mm dá em formato full frame uma visão semelhante à de um óculo com um aumento de 8x; 500mm dá o equivalente a um aumento de 10x. No formato APS-C há ainda que usar o factor de crop. Uma focal de 400mm numa Canon APS-C dá um aumento de 400/50 x 1,6=12,8x; uma focal de 500mm dá um aumento de 16x.

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Flamingos em voo na Ponta da Erva, Vila Franca de Xira. Câmara DSLR Canon 10D, lente Canon EF 100-400mm f 4-5.6 L IS USM

Referiremos aqui, no que segue, apenas as objectivas para câmaras Canon, dessa marca ou de outros fabricantes, como a Sigma ou a Tamron.

As escolhas mais indicadas são evidentemente diferentes conforme aquilo que se esteja disposto a pagar e também se se pretende optar comprar por uma, duas ou mais teleobjectivas para a fotografia de aves.

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Objectiva Sigma 150-600 f5-6.3 DG OS HSM C

Para quem não queira gastar muito e opte por ter apenas uma destas lentes, a nossa escolha vai para a Sigma 150-600mm f5-6.3 DG OS HSM C, que custa cerca de 1000€, é relativamente leve, tem estabilização de imagem e proporciona imagens de excelente qualidade.

Existe também a Sigma 150-600mm f5-6.3 DG OS HSM S (de Sports), que está melhor protegida contra a chuva e poeiras, custa mais 500€ e é maior e mais pesada. A qualidade de imagem é semelhante.

Há uma lente equivalente a estas, mas da marca Tamron. Pelos testes a que tive acesso, a sua qualidade óptica é inferior às da Sigma.

Para quem prefira material Canon existe a muito apreciada Canon EF 100-400mm f4.5/5.6 L IS II USM, com estabilização de imagem, a 2400€.

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Objectiva Canon EF 100-400mm f4.5-5.6 L IS II USM

Existe também uma objectiva Canon de 400mm f5.6, de focal fixa, mas, para além de não ter a versatilidade do zoom, não tem estabilização de imagem, o que é uma limitação para este tipo de lentes que se usa frequentemente sem tripé.

O patamar seguinte de qualidade corresponde a um grande salto de preços.

A primeira escolha recai sobre as grandes teleobjectivas Canon de focal fixa: Canon EF 500mm f4 L IS II USM (cerca de 10000€), Canon EF 600mm f4 L IS II USM  (cerca de 13000€) e Canon EF 800mm f5.6 L IS II USM (cerca de 14400€).

A escolha entre as lentes de 500mm e de 600mm é uma questão de gosto. Sobre ela há diferentes opiniões. A lente de 600mm tem evidentemente mais alcance mas é mais pesada e menos manejável.

A objectiva de 500mm tem a vantagem de poder ser usada mais facilmente quando segura apenas com as mãos, sem tripé nem monopé. No entanto, isto só é possível por períodos curtos e com alguma dificuldade (só a lente pesa 3,2 kg). Pode-se assim, por exemplo, fazer fotos de aves em voo.

Pessoalmente prefiro a lente de 500mm.

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Objectiva Canon EF 500mm f4 L IS II USM

Estas objectivas devem ser complementadas por uma objectiva zoom que permita distâncias focais mais reduzidas, por exemplo, algum ou alguns dos zooms referidos anteriormente.

Existe também uma lente zoom extremamente versátil, a Canon EF 200-400mm f4 L IS USM TC 1.4x, que incorpora na própria lente um teleconversor que se inclui ou retira do percurso óptico muito facilmente. Os testes desta lente são excelentes. Custa cerca de 12500€. Penso que não substitui uma focal fixa de 500mm ou 600mm. Falaremos mais tarde sobre teleconversores; o que são e para que servem; vantagens e inconvenientes.

1.1.3 Cabeças, tripés, monopés e suportes de janela para automóvel

Uma regra empírica diz que se pode fotografar sem apoio, desde que se use uma velocidade de obturador superior ao inverso da distância focal da objectiva. Assim, com uma objectiva de 200mm pode-se fotografar  sem apoio desde que se usem velocidades de obturador superiores a 1/200s; com uma lente de 400mm  com velocidades superiores a 1/400s. Na realidade, com alguma prática e em especial usando lentes com estabilização de imagem é possível trabalhar a velocidades bem inferiores.

Ainda assim temos de considerar que as teleobjectivas que se utilizam para a fotografia de aves são pesadas. Devido à sua elevada distância focal qualquer pequena oscilação é ampliada. É possível suster a objectiva apenas com os braços, apontar, focar e disparar. Mas é muito difícil manter essa posição de uma forma sustentada para conseguir observar por algum tempo a ave e poder escolher uma pose adequada ou esperar por um aspecto do seu comportamento que permita fazer uma foto interessante.

Por isso, com este tipo de objectivas, como regra, deve usar-se um tripé ou, quando isso não é possível ou prático, um outro suporte, como por exemplo um monopé.

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Cabeça de tripé de balanço da marca Wimberley

Quando se usa este tipo de teleobjectivas a fixação à cabeça do tripé deve ser feita na sapata da objectiva e não na câmara.

Existe um tipo de cabeças de tripé que é, sem qualquer espécie de dúvida, o mais adequado para a fotografia de aves. Trata-se das cabeças de balanço (ver as figuras).

Estas cabeças são concebidas de forma a permitir prender a objectiva à cabeça através de uma placa de fixação do tipo Arca-swiss, numa posição que garanta o equilíbrio do conjunto câmara objectiva, deixando livres os seus movimentos . Uns botões de ajuste permitem que estes movimentos sejam mais ou menos fluidos ou mesmo imobilizar completamente o conjunto câmara/lente.

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Câmara e teleobjectiva montadas numa cabeça de balanço Wimberley

Com estas cabeças é muito fácil manter a câmara e a objectiva sem tremer para fazer a foto, mas pode-se mudar, sem qualquer dificuldade, a posição da câmara para enquadrar e permitir seguir os movimentos das aves. Podem mesmo ser usadas para fotografar aves em voo.

As cabeças deste tipo mais conhecidas são da marca Wimberley, que é difícil encontrar em Portugal. Há outras marcas, umas mais caras  outras mais baratas (ver, por exemplo, João Valles ou Fotocamo). Estas cabeças são uma necessidade para quem quer fazer fotografia de aves.

Para serem usadas com estas teleobjectivas, as cabeças de balanço devem ser montadas em tripés muito sólidos. As marcas de tripés mais reconhecidas são a Gitzo e a Manfrotto, mas há outras de boa qualidade. O tripé não é uma peça em que se possa fazer economias. Escolha um tripé adequado às teleobjectivas que vai utilizar e que suporte com facilidade o peso da câmara e da objectiva.

Devemos escolher um tripé alto de forma a podermos estar cómodos mesmo quando a lente está virada para cima para fotografar uma ave no topo de uma árvore ou um ave em voo. A coluna central levantada diminui a estabilidade do sistema. Para este tipo de fotos é melhor um tripé sem coluna central. Para uma mesma resistência, os modelos em fibra de carbono são mais leves e, portanto, mais fáceis de transportar.

Com a objectiva Canon EF 500mm f4 utilizo uma cabeça Wimberley montada num tripé Gitzo Carbono GT 3530LSV. Com a  objectiva Sigma 150-600mm f 5-6.3 ou com a Canon 100-400mm F4-5.6, utilizo uma cabeça Mantona num tripé Manfrotto carbono 055MF4 ou num tripé Manfrotto alumínio 190B.

Nos casos em que a utilização de um tripé é difícil pode usar-se um monopé. O monopé não evita os movimentos da câmara mas permite apoiar o seu peso para uma fotografia mais repousada e confortável. Actualmente uso-o pouco. Há quem utilize cabeças de balanço nos monopés. Pessoalmente não me agrada. No monopé utilizo uma cabeça de rótula. Atenção, cuidado! Há perigo de entalar os dedos.

É comum em fotografia de aves utilizar o automóvel como abrigo fotográfico. Falaremos depois nisso. Mas, nestas condições, convém fixar as cabeças de balanço nas janelas do carro. Usamos uma Kirk Window Mount que mandámos vir dos USA e/ou um suporte de carro barato, simples e eficiente que adquirimos na Fotocamo.

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Utilizando a objectiva Canon EF 500mm f4 montada num suporte de janela da Kirk

1.1.4 Teleconversores

Os teleconversores são complementos ópticos que se inserem entre uma objectiva e a câmara para aumentar a distância focal da lente resultante. Os teleconversores usuais têm factores de aumento de 1,4x e 2x. Um teleconversor de 1,4x aplicado numa objectiva de 500mm transforma-a numa objectiva de 700mm. Um teleconversor 2x aplicado numa objectiva de 500mm tranforma-a numa objectiva de 1000mm. A utilização de um teleconversor 1,4x diminui a abertura de um diafragma; uma lente de f4 passa a ser f5.6. Um teleconversor de 2x diminui a abertura de dois pontos de diafragma; uma lente de f4 passa a ser f8.

Os teleconversores reduzem um pouco a qualidade da imagem. No entanto, os melhores teleconversores aplicados em objectivas de grande qualidade mantêm uma qualidade de imagem muito aceitável, em especial os teleconversores 1,4x. Utilizo com muita frequência o teleconversor 1,4x da Canon na objectiva Canon EF 50mm f4.

Dispor de telconversores é uma forma económica de aumentar as distâncias focais de que dispomos.  É também uma forma compacta de transportar mais distâncias focais.

As câmaras Canon que mencionámos acima permitem autofoco com lentes com abertura até f8. Isto quer dizer que numa lente com f4 de abertura o autofoco funciona com qualquer dos teleconversores 1,4x ou 2x, ainda que a focagem com este último seja menos eficiente.

Em caso de absoluta necessidade podem utilizar-se os dois teleconversores em conjunto. Monta-se o 2x na lente, depois o 1,4 atrás deste e depois o conjunto monta-se na câmara. O sistema de autofoco normal deixa de funcionar, mas pode usar-se foco manual ou focagem no “live view”.

Podem ver-se abaixo dois exemplos de fotografias feitas com a objectva Canon EF 500mm f4 com dois teleconversores Canon 2x e 1,4x. A focal resultante é de 1400mm que com o factor crop de 1,6x equivalem a 2240mm.

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Cegonha-preta com dois filhotes no ninho. Monfragüe, Salto del Gitano.
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Acasalamento do Falcão-peregrino. Os falcões estão pousados na Nau dos Corvos e a foto foi tirada do Cabo Carvoeiro, junto ao farol. A distância é de quase 100m

A focagem nestas condições é extremamente exigente. Quando o objecto da foto está estacionário, o melhor método de conseguir uma focagem exacta é utilizar uma focagem manual muito cuidadosa, observando a imagem no monitor traseiro em “live view” com vista ampliada.

1.1.5 Acessórios úteis

Punho de baterias

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Punho de baterias para Canon EOS 7D Mk II

Quando se usam grandes teleobjectivas o corpo da câmara fica algo desproporcionado em relação ao conjunto e não dá uma pega firme. É muito cómodo utilizar o punho de baterias. Este punho permite uma boa pega tanto com a câmara na horizontal (fotos landscape) como na vertical (fotos portrait). Além disso leva na sua base duas baterias, duplicando a duração da bateria única da câmara quando não tem o punho.

Mira óptico de ponto vermelho

A experiência mostra que é difícil apontar a câmara para uma ave com uma lente de 500 ou 600mm, em especial com teleconversores. Nem sempre se acerta na ave; em muitos casos a imagem não está ainda focada e a ave não se vê. Isto é particularmente verdade quando o fundo é confuso ou sem referências. Com a lente de 500mm da Canon, Usei até há pouco um sistema artesanal em que fazia pontaria usando o parafuso do para-sol no topo da lente e uma pequena peça feita à medida montada no suporte do flash.

Recentemente apareceu no mercado um ponto de mira fabricado pela Olympus, mas que pode ser utilizado em qualquer câmara com suporte para flash. Trata-se do Olympus Dot Sight EE-1 que se pode ver na figura abaixo. É um mira do tipo ponto vermelho semelhante aos que se usam nas armas para pontaria rápida. O ponto de mira tem regulação na horizontal e vertical. Depois de regulado torna-se muito fácil visar e enquadrar. Há também possibilidade de regular a intensidade de brilho do ponto vermelho para melhor se adaptar às condições de luminosidade existentes.Dot-sight

Na fotografia abaixo, tirada com um telemóvel, pode ver-se um destes pontos de mira montado na Canon EOS 7D MkII, com objectiva Canon 500mm. O ponto de mira permitiu apontar rapidamente a câmara para um Quebra-ossos pousado à distância. A fotografia foi feita num abrigo com vidro espelhado que nos permite ver para o exterior mas impede as aves de nos verem no interior do abrigo. Além disso o vidro reduz os ruídos de disparo da máquina, o que, especialmente para espécies mais sensíveis, pode ser muito importante.

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Mira óptico em funcionamento. Fotografando um Quebra-ossos a partir de um abrigo com vidro espelhado.

Disparador remoto

Com a máquina num tripé, o disparador remoto permite focar e disparar sem tocar na máquina e evitar assim qualquer pequeno tremor induzido pela nossa mão ao premir o botão de disparo.

Pode ser importante especialmente quando se usam teleconversores e a luz não é muita, obrigando a velocidades de obturador baixas. É um acessório muito útil.

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Disparador por cabo com intervalómetro da Canon

A versão mais comum é um simples cabo com um botão que permite focar e disparar. Há modelos da marca ou de fabricantes independentes. Versões mais complicadas, incluem temporizador e intervalómetro. A figura mostra um disparador deste tipo.

Há também disparadores remotos via rádio, que podem ser usados em vez dos disparadores por cabo mas que permitem também disparar à distância. Existem de várias marcas, designadamente da Hähnel.

Mais elaborada é a possibilidade de disparar a partir do telemóvel ou tablet ligados por um cabo USB.

Para Android existe uma aplicação gratuita para este fim, chamada Remote Release. A aplicação DSLR Controller, do mesmo autor (ver aqui), permite, não só disparar a câmara mas também ver a imagem e comandar quase todos os seus ajustes: focagem, velocidade, abertura, sensibilidade, etc, etc. Para fotografia de aves isto só tem aplicação nos casos em que as aves estão muito tempo no mesmo local. Por exemplo, na fotografia de ninhos a longa distância. Nestas condições, é extremamente cómodo ter a máquina num tripé, apontada para o ninho, focar muito rigorosamente com a imagem aumentada, e ir seguindo a acção no tablet, em grande formato, escolhendo o momento decisivo para disparar. O autor da aplicação Android DSLR Controller dá instruções de como fazer a adaptação para uso sem fios usando um router wi-fi portátil da TP-Link. Basta seguir as instruções do autor da aplicação para configurar o router TP-Link para funcionar sem fio com a App DSLR Controller.

4 comentários em “1. Técnica – Introdução”

  1. Depois de muito procurar encontro aqui um local com tudo o que é necessário para a fotografia de aves. Em português!

    Muitos parabéns e obrigado.

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